Lisa, Lady e Lucky ... da minha amiga Nanci

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domingo, 15 de janeiro de 2012



PIF: PERITONITE INFECCIOSA FELINA



A peritonite infecciosa felina (PIF) é uma doença viral, de caráter imunomediado, causada por uma variante mutante do coronavírus entérico felino(RNA vírus), que acomete os gatos domésticos e felinos selvagens como leões e leopardos. O agente é sensível a detergentes e desinfetantes comuns e resiste no ambiente por semanas. Pode ser transmitido por via transplacentária ou através do contato direto e contínuo de secreções orais e respiratórias. A eliminação do vírus se dá pela saliva, urina e fezes.

Alguns fatores são predisponentes como:

- faixa etária (animais de 6 meses à 2 anos de idade e gatos idosos); 
- predisposição racial (persa, abssínio, bengal, birmanês, himalaio); 
- superpopulação em gatis e abrigos; 
- desnutrição; 
- doenças infecciosas crônicas e concomitantes como FeLV e FIV; 
- o uso de fármacos imunossupressores. 

O período de incubação é indeterminado podendo ser de semanas a meses.
Por se tratar de uma doença imunomediada, o animal infectado pode desenvolver a doença quando possuir uma imunidade celular parcial (PIF seca) ou fraca (PIF efusiva).

Na PIF efusiva a evolução ocorre de 2 a 6 semanas após o aparecimento dos sintomas que incluem:  

- febre, apatia e anorexia; 
- aumento do volume abdominal (ascite); 
- efusão torácica e/ou pericárdica; 
- dispnéia, taquipnéia e cianose;
- perda de peso;
- icterícia; 
- linfoadenomegalia mesentérica. 

Já na forma não efusiva (seca) a evolução da doença é lenta e os sintomas são: 

- febre, apatia e anorexia; 
- perda de peso; 
- uveíte; 
- icterícia; 
- linfoadenomegalia; 
- alterações no sistema nervoso central (SNC). 

O presunção diagnóstica baseia-se nos sintomas, histórico e nos achados clínicos e laboratoriais. O diagnóstico definitivo só pode ser feita através da análise histopatológica e/ou imunohistoquímica de tecido do animal acometido. No Provet alguns exames disponíveis podem auxiliar ao clínico veterinário no diagnóstico da doença:

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Bioquímica de proteínas totais: em 55% dos casos de PIF efusiva e 70% da seca os animais apresentam proteínas totais > 7,8 g/dL e hiperglobulinemia > 4,6 g/dL das frações alfa, beta e gama. Este teste apresenta baixa sensibilidade e especificidade, podendo ser interpretado e confundido com outras doenças infecciosas e inflamatórias. 

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Ultrassonografia abdominal: este exame auxilia na avaliação dos linfonodos e efusão peritoneal, mas não pode ser utilizado como único método diagnóstico para a PIF.  

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RX de tórax: avaliação de efusão de tórax e pericárdica. 
O Provet possui também o Perfil Derrame Peritoneal que realiza 2 exames: a eletroforese de proteínas séricas e análise citológica de efusão peritoneal ou torácica.

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Análise Citológica de Efusão Peritoneal ou Torácica: na PIF o líquido normalmente possui coloração palha a amarelo citrino, com presença de fibrina, macrófagos e leucócitos, possui uma proteína elevada (em torno de 5 a 8 g/dL) e relação albunima/globulina < 0,81 g/dL. 

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Eletroforese de Proteínas séricas: neste teste de triagem os animais com PIF podem apresentar a fração Gama mais elevada em relação às outras proteínas.  

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E.L.I.S.A. Cinético (KELA) para diagnóstico de PIF (Coronavírus Felino): Teste padronizado e calibrado por apresentar resultados semelhantes ao teste de Imunofluorescência Indireta (IFA), podendo considerar os títulos Kela “IFA-equivalentes”. Títulos 1:8 são considerados positivos. 
O título positivo para PIF não pode ser considerado como forma de diagnóstico definitivo para a doença, pois detecta a presença de anticorpos contra qualquer tipo de coronavirus em geral, devendo o diagnóstico, portanto estar associado a sinais clínicos e outros achados laboratoriais compatíveis com a patologia da doença.

O teste negativo em um gato clinicamente normal pode ser bastante significativo, pois indica que não houve exposição à infecção da PIF, e não há anticorpos contra nenhum dos coronavírus. Uma pequena porcentagem de animais com PIF clínica ou confirmada pela necropsia pode apresentar títulos baixos ou até mesmo negativos. Este fenômeno pode ocorrer pela exaustão do sistema imunológico que não consegue produzir anticorpos em antígenos virais circulantes, não sendo assim detectados.

A vacinação recente ou episódios de febre podem causar um efeito imunológico secundário mascarando parcialmente a verdadeira titulação de anticorpos. Sugere-se então, a repetição do exame em um período de 6 a 8 semanas para confirmação.

O teste ELISA é realizado através de amostra de soro sangüíneo e seu resultado liberado no prazo máximo de 30 dias.

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Diagnóstico de PCR através do RNAm: esta técnica moderna é altamente sensível e específico pois também identifica gatos assintomáticos e confirma o diagnóstico de PIF, pois possui a vantagem de ser um marcador da replicação viral na amostra testada (sangue ou efusões cavitárias). Consulte-nos sobre a disponibilidade deste exame. 

Devido à alta taxa de mortalidade (podendo chegar a 100%), o manejo de gatis com medidas sanitárias adequadas se faz necessário para evitar a disseminação da doença.

A equipe do Laboratório do Provet está disponível para esclarecimento de dúvidas junto ao médico veterinário. Qualquer problema ou dúvidas entre em contato conosco.


LEITURA COMPLEMENTAR SUGERIDA:

SHERDIING, R.G. Peritonite infecciosa felina. In: BICHARD, S.J.R.; SHERDING, R.G. Manual Saunders: Clínica de Pequenos Animais. 1ª. Ed. São Paulo: Roca, 1998. Cap. 3. P. 105-111.




Este texto está disponível no site do laboratório: www.provet.com.br